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sábado, 31 de dezembro de 2011

domingo, 21 de agosto de 2011

Um novo olhar



A verdadeira viagem de descoberta não consiste na busca de novas paisagens, mas de um novo olhar".

(Marcel Proust)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A mão invisível do vento roça por cima das ervas














A mão invisível do vento roça por cima das ervas.
Quando se solta, saltam nos intervalos do verde
papoulas rubras, amarelos malmequeres juntos,
E outras pequenas flores azuis que se não veêm logo,

Não tenho quem ame, ou vida que queira, ou morte que roube.
Por mim, como pelas ervas, um vento que só as dobra
Para as deixar voltar àquilo que foram, passa.
Também para mim um desejo inutilmente bafeja
As hastes das intenções, as flores do que imagino,
E tudo em volta ao que era sem nada lhe acontecesse.

Alberto Caeiro
(in “poesia”)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Procuro-te


















Procuro-te
Procuro a ternura súbita,
os olhos ou o sol por nascer
do tamanho do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássaro no bosque
com a forma de um grito de alegria.

Oh, a carícia da terra,
a juventude suspensa,
a fugidia voz da água entre o azul
do prado e de um corpo estendido.

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.

Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
não quando apertamos contra o peito
uma flor ávida de orvalho.

Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul o céu
e o mar é devassado pelas estrelas.

Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te.

Eugénio de Andrade, in "As Palavras Interditas"
(foto de J. Morais)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

poema à vida


Cada bebé traz consigo uma nova bênção ao mundo.