Sitemeter

terça-feira, 29 de julho de 2014

Vivemos todos longínquos e anónimos



(Foto: Google)

«Vivemos todos longínquos e anónimos; disfarçados, sofremos desconhecidos. A uns, porém, esta distância entre um ser e ele mesmo nunca se revela; para outros é de vez em quando iluminada, de horror ou de mágoa por um relâmpago sem limites; mas para outros ainda é essa a constância e quotidianidade da vida.
Saber bem que quem somos não é connosco, que o que pensamos sentimos é sempre uma tradução, que o que queremos o não quisemos nem porventura alguém o quis — saber tudo isto a cada minuto, sentir tudo isto em cada sentimento, não será isto ser estrangeiro na própria alma, exilado nas próprias sensações?»

in Livro do Desassossego (fragmento 433)
Fernando Pessoa