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terça-feira, 29 de julho de 2014

Vivemos todos longínquos e anónimos



(Foto: Google)

«Vivemos todos longínquos e anónimos; disfarçados, sofremos desconhecidos. A uns, porém, esta distância entre um ser e ele mesmo nunca se revela; para outros é de vez em quando iluminada, de horror ou de mágoa por um relâmpago sem limites; mas para outros ainda é essa a constância e quotidianidade da vida.
Saber bem que quem somos não é connosco, que o que pensamos sentimos é sempre uma tradução, que o que queremos o não quisemos nem porventura alguém o quis — saber tudo isto a cada minuto, sentir tudo isto em cada sentimento, não será isto ser estrangeiro na própria alma, exilado nas próprias sensações?»

in Livro do Desassossego (fragmento 433)
Fernando Pessoa

2 comentários:

Graça Pires disse...

É muito bom encontrar excertos do "Livro do Desassossego" de Fernando Pessoa, porque nos faz pensar.
"será isto ser estrangeiro na própria alma, exilado nas próprias sensações?" Belíssimo.
Beijo.

partilha de silêncios disse...

Obrigada, pelas suas carinhosas palavras.

beijinhos