Porque vivemos numa roda viva e numa inquietação permanente ?
Andar depressa, fazer à pressa responder apressadamente, vão-se tornando características de um tempo que não deixa tempo.
A pressão do tempo gera stress. A expressão vulgarmente usada de "prazo final", pressupõe uma ameaça. "Se não entregar dentro do prazo limite é o fim".
Não podemos acreditar que o tempo está a acabar.Por sermos ao mesmo tempo físicos e quânticos, vivemos vidas multidimensionais. Ocupamos o mundo visível dos sentidos, mas também ocupamos o mundo quântico.
Quando mergulhamos na água do mar, a nossa consciência não se molha.
As limitações da vida física interferem muito pouco com o mundo quântico.
O frio do inverno não congela as nossas recordações.
São universos paralelos onde vivemos, sem pensar nisso. Não estamos presos ao tempo, a nossa viagem não começa ou termina no mundo físico. A nossa essência é intemporal.
Somos fruto de uma educação que prioriza actividades que desenvolvem a racionalidade desvinculada da intuição, da emoção e dos sentimentos do ser.
Não temos mais tempo, priorizamos pouco tempo para ser, para estar e para a partilha dos afectos.
O stress da actividade profissional faz acumular uma tal necessidade de evasão que tem que ser satisfeita prontamente e em geral de forma frenética.
Á medida que aceleramos, a nossa relação com o tempo torna-se cada vez mais apertada e disfuncional.
As férias são hoje cansativas, com um extenso programa de actividades que é preciso cumprir, é preciso fazer o maior número de coisas, o que não permite o repouso e a renovação. O tempo livre não é saboreado, mas sim consumido.
Este frenesim é também transmitido aos nossos filhos. Há crianças com uma agenda semanal tão sobrecarregada como a de um empresário: escola, piscina, música, artes marciais, inglês, etc. Não sobra tempo.
A vida torna-se, uma sequência de dias vazios que é preciso preencher depressa.
Perdemos a arte de não fazer nada, e ficarmos simplesmente sozinhos com os nossos pensamentos.
Se nos retiram os estímulos entramos em pânico e procuramos qualquer coisa para ocupar o tempo.
Numa simples viagem de comboio, as pessoas não olham simplesmente pela janela. Toda a gente está ocupada, a ler o jornal, a jogar videojogos, a ouvir iPods, a trabalhar no computador portátil, ou a falar ao telemóvel.
Desenvolvemos uma psicologia da velocidade. Quantas pessoas se queixam, " Oh, tenho tanto que fazer, não sei para onde me virar, a minha vida é uma confusão, não tenho tempo para nada", o que muiras vezes querem dizer é: " Olhem bem para mim: Sou imensamente importante ".
Mas, de que serve subir a escada do sucesso, se pelo caminho perdermos os primeiros passos dos nossos filhos?
Talvez o desafio do movimento Slow seja o de tentar curar a nossa relação neurótica com o tempo.
A filosofia deste movimento resume-se numa simples palavra: equilíbrio.
Viver a velocidade correcta, ser rápido quando faz sentido ser rápido, ser lento quando faz sentido ser lento.