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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

sábado, 5 de dezembro de 2009

Um poema de Natal de Fernando Pessoa

NATAL...

Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
'Stou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
FERNANDO PESSOA
Notícias Ilustrado, 30 de Dezembro de 1928

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Nas cidades a vida é mais pequena

Foto: retirada da Net

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo....
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer.
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar
para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os
nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.

Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos".

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Quando o tempo demora e a solidão aperta

Imagem de Luis Zilhão- Galeria 1000 imagens

Sózinha... sentou-se à porta na sombra do seu descanso, a ver o sol vazar.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O jornal i vai oferecer obras de Fernando Pessoa a partir de 30 de Outubro

O jornal i vai passar a oferecer, gratuitamente, sempre às sextas-feiras, uma obra "essencial" de Fernando Pessoa. A iniciativa - feita em conjunto com a Guimarães editores - vai durar 10 semanas e começa já no próximo dia 30 de Outubro. São estas as obras a serem oferecidas:
- Mensagem (Fernando Pessoa): 30 de Outubro
- O Banqueiro Anarquista (Fernando Pessoa): 6 de Novembro
- O Guardador de Rebanhos (Alberto Caeiro): 13 de Novembro
- A Essência do Comércio (Fernando Pessoa): 20 de Novembro
- Soneto já Antigo e outros Poemas (Álvaro de Campos): 27 de Novembro
- Sobre a República (Fernando Pessoa): 4 de Dezembro
- Prefiro Rosas, Meu Amor, à Pátria e outras Odes: 11 de Dezembro
- Aviso por Causa da Moral e outros Textos (Álvaro de Campos): 18 de Dezembro
- Liberdade e outros Poemas Ortónimos (Fernando Pessoa): 24 de Dezembro
- Páginas do Livro do Desassossego (Bernardo Soares): 31 de Dezembro
Além de necessariamente ser uma acção de promoção do jornal, esta distribuição é motivada pelos 75 anos da Mensagem de Fernando Pessoa, que se comemoram este ano.

Como noticiámos ontem, o Jornal i vai oferecer algumas obras de Pessoa nas suas edições de sexta-feira, até 31 de Dezembro. Mas sabemos agora que a homenagem a Pessoa vai mais longe, com a publicação de textos inéditos "desenterrados" pelo investigador Jerónimo Pizarro, ao longo de todas as semanas - 1 texto inédito por cada obra oferecida.Temos naturalmente de louvar esta iniciativa do Jornal i, que assim não só ajuda na divulgação da obra Pessoana já conhecida, como da obra inédita que muitas das vezes apenas surge em jornais e publicações de crítica literária, com um público muito restrito.O primeiro texto inédito saiu ontem e está disponível neste link. (Se tiverem dificuldade no download, o ficheiro PDF pode ser encontrado também aqui). Segundo Pizarro, "trata-se do diálogo entre um cristão e um católico e está encimado pela indicação «Fab. N. J.» («Fábulas para as Nações Jovens»), título de um conjunto de trechos tardios que Henrique Chaves revelou parcialmente em "Pessoa Inédito" (1993) e que Zetho Cunha Gonçalves reeditou em "Contos, Fábulas & outras ficções" (2008). Estas fábulas de carácter político - muito diferentes da única fábula que Pessoa publicou em vida, em 1915 - serão de cerca de 1932".
Agradecemos ao Prof. Pizarro a gentil colaboração, nomeadamente o envio do PDF original.

Esta informação foi retirada do blog www.umfernandopessoa.blogspot.com apenas com o objectivo de divulgação.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Aprende a transcender-te


Como o lótus que nasce na lama e dela não se contamina, aprende a transcender-te.

O Blog “Partilha de Silêncios” agradece simpatia e a gentileza do Blog “Restolhando”pela atribuição do prémio "your blog is just perfect to learn something every day". Sinceramente, muito obrigada.

domingo, 18 de outubro de 2009

Sentir o pulsar da natureza como parte da nossa essência

Foto retirada da Net

O silêncio vazio de uma paisagem, convida a sentir o pulsar da natureza como parte da nossa essência. Somos feitos da mesma matéria.

domingo, 23 de agosto de 2009

Na vindima de cada sonho, fica a cepa a sonhar outra aventura


O que é bonito neste mundo, e anima, é ver que na vindima de cada sonho fica a cepa a sonhar outra aventura. E que a doçura que não se prova se transfigura noutra doçura muito mais pura e muito mais nova. (Miguel Torga)

sexta-feira, 17 de julho de 2009

A minha alma tem o peso da luz e pesa como pesa uma ausência.

Foto: Rui Bonito retirada da Net


"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."

(Clarice Lispector)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

As pessoas que se tornam especiais


As pessoas não se tornam especiais pela forma de ser ou de agir, mas
sim pela profundidade com que atingem os nossos sentimentos.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

A vida é uma viagem


Vivemos todos neste mundo, a bordo de um navio saído de um porto que desconhecemos para um porto que ignoramos; devemos ter uns para os outros uma amabilidade de viagem.
Fernando Pessoa
Livro do Desassossego

terça-feira, 17 de março de 2009

Primavera

FLORES
Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura.
Sophia de Mello Breyner

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Os campos


Foto da Galeria Olhares

Gozo os campos sem reparar para eles.
Perguntas-me por que os gozo.
Porque os gozo, respondo.
Gozar uma flor é estar ao pé dela inconscientemente.
E ter uma noção do seu perfume nas nossas idéias mais apagadas.
Quando reparo, não gozo: vejo.
Fecho os olhos, e o meu corpo, que está entre a erva,
pertence inteiramente ao exterior de quem fecha os olhos.
À dureza fresca da terra cheirosa e irregular;
E alguma cousa dos ruídos indistintos das cousas a existir,
E só uma sombra encarnada de luz me carrega levemente nas órbitas,
E só um resto de vida ouve.


Alberto Caeiro

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Momentos de meditação

Foto: Galeria Olhares


RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade