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Aos jacarandás de Lisboa
São eles que anunciam o verão.
Não sei doutra glória, doutro
paraíso: à sua entrada os jacarandás
estão em flor, um de cada lado.
E um sorriso, tranquila morada,
à minha espera.
O espaço a toda a roda
multiplica os seus espelhos, abre
varandas para o mar.
É como nos sonhos mais pueris:
posso voar quase rente
às nuvens altas — irmão dos pássaros —,
perder-me no ar.
- Eugénio de Andrade, do livro "Os sulcos da sede
(2001)"/em "Poesia". [Posfácio de Arnaldo Saraiva]. 2ª ed.,
revista e acrescentada Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 2005, p. 582.