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Alguma coisa tem de haver para explicar a dor de se ficar
calado, na condição de mortos-vivos, enquanto à nossa volta um mundo por
ordenar declara urgência de palavras, aquelas que, constituídas da matéria do
próprio silêncio, servem para declarar guerra à erva daninha da indiferença.
[…]
Anda por aí muito silêncio a transformar palavras em
medo. Andam muitas bocas com coisas por dizer e, no entanto, amordaçadas pela
indiferença, que por esta altura já cresceu tanto que se tornou difícil de
romper.
(Ana Paula Tavares (2.ª edição, 2022: p. 53), O
sangue da Buganvília)