Vejo as nuvens que avançam do Atlântico para o continente. E, por trás delas, como um pastor exigente, o vento que as empurra. Depois, as nuvens passam e volta o sol, com o azul imutável das manhãs de outono, monótono e distante como quem o olha, ao sair de casa, sem tempo para pensar no tempo. As nuvens, no entanto, continuam o seu caminho: umas, desfazem-se em água sobre campos vazios, ou descem para as grandes cidades para as abraçar com um tédio enevoado. As que me interessam, porém, são as que sobem para norte, e ficam mais frias à medida que as pressões continentais abrandam o seu curso, Então, param em dias cinzentos; e, por fim, escurecem a tua alma, quando as olhas, e te apercebes de que se aproxima um inverno de solidão. A não ser que leias, nesse obscuro céu, esta carta que te mando. |
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