
No silêncio dos olhos
Em que língua se diz, em que nação,
em que outra humanidade se aprendeu
a palavra que ordene a confusão
que neste remoínho se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
cantos de ave pousada em altos ramos
dirão, em som, as coisas que, calados,
no silêncio dos olhos confessamos?
José Saramago
Os Poemas possíveis
Lisboa, Caminho,1999
3 comentários:
Até sempre
camarada
Tão belo! "...no silêncio dos olhos confessamos"
Até sempre, Saramago.
Não morreu! A sua obra perpetua-o.
Um beijo.
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