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Uma tristeza
de crepúsculo, feita de cansaços e de renúncias falsas, um tédio de sentir
qualquer coisa, uma dor como de um soluço parado ou de uma verdade obtida.
Desenrola-se-me na alma desatenta esta paisagem de abdicações - áleas de gestos
abandonados, canteiros altos de sonhos nem sequer bem sonhados,
inconsequências, como muros de buxo dividindo caminhos vazios, suposições, como
velhos tanques sem repuxo vivo, tudo se emaranha e se visualiza pobre no
desalinho triste das minhas sensações confusas.
s.d.
Livro do
Desassossego. Vol.I.
Fernando Pessoa. (Organização e fixação de inéditos de Teresa Sobral Cunha.)
Coimbra: Presença, 1990.
- 90.
"Fase decadentista", segundo António
Quadros (org.) in Livro do Desassossego, por Bernardo Soares, Vol I.
Fernando Pessoa. Mem Martins: Europa-América, 1986.