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quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Uma pessoa é como uma cidade

 

                                                 Foto: Google


Uma pessoa é como uma cidade. Não podemos deixar que as partes menos boas impeçam de gostar do todo. Pode haver detalhes de que não gostemos, ruas ou bairros mais manhosos, mas as partes boas compensam tudo o resto.

Enquanto estivermos vivos, existirá sempre em nós um futuro de possibilidades múltiplas e diversas.  Por isso vamos ser bondosos para as pessoas que povoam a nossa existência.

 

A biblioteca da meia noite – MATT  HAIG – Edição Pinguim


segunda-feira, 24 de novembro de 2025

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Um inverno de solidão

                                                    Foto: Google



 


CORRESPONDÊNCIA


Vejo as nuvens que avançam do Atlântico
para o continente. E, por trás delas, como um pastor
exigente, o vento que as empurra. Depois,
as nuvens passam e volta o sol, com o azul
imutável das manhãs de outono, monótono e distante
como quem o olha, ao sair de casa, sem
tempo para pensar no tempo.
 
As nuvens, no entanto, continuam
o seu caminho: umas, desfazem-se em água
sobre campos vazios, ou descem para as grandes
cidades para as abraçar com um tédio
enevoado. As que me interessam, porém,
são as que sobem para norte, e ficam
mais frias à medida que as pressões continentais
abrandam o seu curso, Então, param
em dias cinzentos; e, por fim, escurecem
a tua alma, quando as olhas, e te apercebes
de que se aproxima um inverno
de solidão.
 
A não ser que leias, nesse obscuro céu,

esta carta que te mando.

 

Nuno Júdice

O Movimento do Mundo

Lisboa, Quetzal Editores, 1996

terça-feira, 21 de outubro de 2025

A força silenciosa

 

                                                   Foto: Google


A força silenciosa

Na imensidão do mundo, há uma força silenciosa que une os corações e ilumina os caminhos: a empatia.

É como uma suave brisa que acaricia a pele e conforta a alma cansada. É o elo invisível que nos liga uns aos outros, transcendendo barreiras e idiomas, tocando as fibras mais profundas do ser.

É a luz que dissipa as sombras da ignorância e da indiferença, revelando a beleza e a humanidade que habita em cada um de nós.

 

 

Helena Sacadura Cabral – Olhos nos Olhos- Uma vida com mais afeto gratidão e significado


quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Tempo de travessia

 


                                                 Foto: google


                      

Tempo de travessia
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É  o tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-la , teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
 

Fernando Pessoa

sábado, 20 de setembro de 2025

O OUTONECER


                                              Foto: Vecteezy

O Outonecer

                                

Outonecer é aprender a caminhar mais devagar, com o coração cheio de memórias que caem como folhas.  Umas leves, outras ainda pesadas de se soltar. É aceitar que já não se corre atrás do tempo, mas se recolhe dele o que sobra de luminoso. No outono da vida, descobre-se que a beleza não está apenas no viço da primavera nem no fervor do verão. Está, também, nesse silêncio dourado, onde cada gesto tem o peso exato e cada olhar sabe o que procura.

Outonecer é descobrir que a melancolia pode ser doce, como um entardecer que não pede pressa, mas contemplação. É encontrar sentido no inacabado, ternura no que já passou, gratidão no que ainda se pode colher. As folhas caem, mas não caem em vão, antes tornam fértil o chão, alimentam o que virá. Assim, também nós, quando deixamos desprender-se aquilo que já não nos serve, para abrirmos espaço ao que ainda pode florescer.

Há quem tema o outono da vida como o prenúncio da ausência. Mas quem o habita, sabe que há uma plenitude própria nesse tempo, com o calor sereno das cores que aquecem por dentro, a liberdade de não precisar provar mais nada, o enorme luxo de, simplesmente, ser.

Outonecer é uma arte. A de aceitar o ciclo sem nostalgia amarga, mas com a delicadeza, de quem aprendeu que cada estação, carrega a sua própria forma de eternidade.


Helena Sacadura Cabral

Sapo 18/09/2025

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Nascer Todas as Manhãs


                                              Foto: Google


Nascer Todas as Manhãs

Apesar da idade, não me acostumar à vida. Vivê-la até ao derradeiro suspiro de credo na boca. Sempre pela primeira vez, com a mesma apetência, o mesmo espanto, a mesma aflição. Não consentir que ela se banalize nos sentidos e no entendimento. Esquecer em cada poente o do dia anterior. Saborear os frutos do quotidiano sem ter o gosto deles na memória. Nascer todas as manhãs.

Miguel Torga, in "Diário (1982)"