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O amor é o caminho que nos leva à esperança. E esta não é
uma espécie de consolação, enquanto se esperam dias melhores. Nem é sobretudo
expectativa do que virá. Esperar não significa projetar-se num futuro hipotético,
mas saber colher o invisível no visível, o inaudível no audível, e por aí fora.
Descobrir uma dimensão outra dentro e além desta realidade concreta que nos é
dada como presente. Todos os nossos sentidos são implicados para acolher, com
espanto e sobressalto, a promessa que vem, não apenas num tempo indefinido
futuro, mas já hoje, a cada momento. A esperança mantém-nos vivos. Não nos
permite viver macerados pelo desânimo, absorvidos pela desilusão, derrubados
pelas forças da morte. Compreender que a esperança floresce no instante é
experimentar o perfume do eterno.
José Tolentino Mendonça, in 'A Mística do Instante'