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sexta-feira, 18 de junho de 2010

No silêncio dos olhos


No silêncio dos olhos
Em que língua se diz, em que nação,
em que outra humanidade se aprendeu
a palavra que ordene a confusão
que neste remoínho se teceu?
Que murmúrio de vento, que dourados
cantos de ave pousada em altos ramos
dirão, em som, as coisas que, calados,
no silêncio dos olhos confessamos?
José Saramago
Os Poemas possíveis
Lisboa, Caminho,1999

3 comentários:

Mar Arável disse...

Até sempre

camarada

Ana Paula Sena disse...

Tão belo! "...no silêncio dos olhos confessamos"

Até sempre, Saramago.

Graça Pires disse...

Não morreu! A sua obra perpetua-o.
Um beijo.