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A gente pouco sabe e pouco pode. Conhece apenas duas regras
de higiene (que o corpo se recusa a observar), três de moral (que o instinto se
recusa a praticar), e uma ou duas de civilidade (que só a polícia muito limitadamente
nos faz cumprir), e pode apenas o que pode um bicho solicitado por um tropismo
fundamental. Mas que maravilhoso ser seria aquele que pudesse entender a beleza
perfeita duma flor, e fosse capaz de se pôr em espírito numa brancura assim,
gratuita e perfumada!
Miguel Torga, in "Diário (1941)"